Muitos sabem da minha peleja, persistência e vontade de manter a Cora amamentando leite exclusivamente materno durante seus primeiros seis meses de vida. Foram varias dificuldades enfrentadas... Inicialmente, eu tinha muito, muito leite. O quarto vivia cheio de pingos de leite no chao e caminho do banheiro ao quarto tambem, pois durante e depois do banho o peito jorrava. Tive aquele peitao verde/azulado, brilhante, cheio.
Mas dai vieram as dificuldades e a primeira delas foram as rachaduras. Doia horrores quando a Cora sugava. Eu convulsionava de dor e depois ficava toda entrevada de tantos que meus nervos se repuxavam enquanto amamentava.
Depois das rachaduras, veio a infecção urinaria. Tive que tomar antibióticos e remédios que diminuíam a produção de leite - efeito colateral expresso na bula.
Juntando tudo isso, senti-me bastante sozinha e insegura. Louva estava finalizando o trabalho de livreiro e nao pudia ficar muito conosco no primeiro mês. E eu era marinheira de primeira viagem...
Foram mais de 15 visitas ao banco de leite do HRT, ingestão de medicamentos alopáticos e homeopáticos, cuscuz, canjica, sopa, cural, melado, rapadura, chás...
Diante de todo meu esforço e desespero, ainda tinha que ouvir "eh só psicológico". Esse "só" nunca foi tao infinitamente plural na minha vida. Quem nunca passou por isso nao tem ideia do que se passa.
Mesmo com todas as adversidades, nunca desisti. Cora ama mamar e acho que eu amo ainda mais que ela te-la em meu peito. E juntas, seguimos amando-mamando ate que... Celeste!
Engravidamos quando Cora tinha exato 1 aninho. Muito cedo pra tirar o peito, pensei. O Dr. petrus falou que teria que desmamar a Cora ate a 18ª semana de gestação, pois a estimulação do mamilo poderia provocar contrações a partir dai.
A verdade eh que completei 18 semanas de gestação e nao tinha conseguido tirar o peito da Cora. Nao tinha me esforçado de verdade. Se ela chorava, ou caia, ou acordava no meio da noite, eu dava o peito. Creio que o processo de largar o peito estava muito mais difícil pra mim do que pra ela. Simplesmente eu nao sabia o que dizer pra ela. Acho que nao sabia o que tinha que dizer pra mim mesma...
Enfim, fui conversando comigo mesmo e pedindo clareza nos meus pensamentos. Foi quando um dia consegui dizer "Filha, agora precisamos guardar o mama. Temos que economizar, porque o bebe vai chegar na nossa família e ele nao sabe comer, só sabe beber leite..." - "bebe?" - "eh... o bebe vai precisar de muito leitinho pra poder crescer, vamos guardar?" - "guada!".
E, assim, seguimos conversando eu e Cora, amadurecendo a ideia do desmame. Sem traumas e por amor a Celeste!
Dai hoje, enquanto tirava a roupa para tomarmos banho juntas, ela pegou os meus peitos com as duas mãos e disse "este, este", dizendo que eram pra Celeste, numa boa... fiquei emocionada... orgulhosa...
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